A Prefeitura de Sinop, por meio do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) — ligado à Secretaria de Saúde —, em conjunto com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), promoveu ontem (01) o 1º Simpósio de Prevenção ao HIV: Olhares e Avanços que Salvam Vidas, destinado a profissionais da saúde da cidade e da região Norte de Mato Grosso. Um espaço amplo de debate e troca de experiências profissionais sobre o combate à infecção.
O encontro aconteceu no auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e transformou o ambiente em um centro de discussão sobre o tema. A ação abre o mês de conscientização e combate à Aids, o Dezembro Vermelho. O médico ginecologista, especialista e coordenador do SAE, Walter Steves, explica que a importância de abrir espaços públicos para debate sobre a infecção está em combater o preconceito, fomentar o acesso e capacitar os profissionais que atuam na linha de frente no combate à doença.
“A gente [Sinop] tem uma grande importância no atendimento e também na capacitação e na prevenção da infecção pelo HIV/Aids. A gente sabe que tivemos grandes avanços nos últimos anos em tratamento, em acompanhamento e também na questão laboratorial, na capacidade do diagnóstico, no acompanhamento clínico e laboratorial dos pacientes. Mas o preconceito continua sendo um problema. O Brasil aumentou, nos últimos dez anos, mais de 161% os casos de infecção pelo HIV. Sinop não está diferente. A nossa região, as nossas cidades também não estão. Então é preciso, sim, que a gente fale sobre isso, que capacite profissionais e que atenda todos os usuários da rede SUS”, comenta.
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e palestrante do evento, enfermeiro Cezar Flores, esclarece que o maior legado do simpósio é justamente ampliar o conhecimento sobre as formas de transmissão, o tratamento, a conscientização sobre a necessidade da testagem rápida para ISTs e, consequentemente, diminuir o preconceito com a doença e com os pacientes.
“Eu acredito que o mais importante do simpósio é justamente diminuir essa questão do preconceito, trazer informação para as pessoas. Hoje o HIV é uma doença séria, uma doença crônica, mas extremamente tratável quando diagnosticada precocemente. Então a pessoa que é diagnosticada a tempo tem um bom prognóstico e pode viver uma vida normal fazendo uso dos antirretrovirais”, avalia.
Durante a palestra, o professor destacou a importância dos autotestes, uma ferramenta que pode ser usada pelo paciente dentro de seu próprio ambiente, garantindo sigilo e conforto. “Nós trouxemos hoje, aqui na nossa palestra, a questão do teste rápido e do autoteste como uma ferramenta a ser utilizada pelos profissionais da saúde e pela população, justamente para esse diagnóstico precoce. De acordo com a Unaids [Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids], hoje nós temos 9% da população brasileira vivendo com HIV sem saber que é portadora do vírus. Então nós queremos ampliar o acesso ao diagnóstico dessas pessoas, para que elas iniciem o tratamento e, consequentemente, reduzam e interrompam o ciclo de transmissão da doença no Brasil”, explica.
Educação
No entendimento do palestrante Cezar Flores, o simpósio também cumpre a função de servir como formação complementar para os acadêmicos presentes no evento. São esses alunos que estarão, amanhã ou depois, na linha de frente no combate às enfermidades e no tratamento dos pacientes que procurarem atendimento na rede SUS.
“Tem muitos estudantes aqui hoje. Eu acho que esse simpósio vem justamente para agregar ao conhecimento que esses acadêmicos adquirem na universidade. Trazendo esses acadêmicos aqui, oportunizamos a eles observar a importância desse trabalho desenvolvido na rede e, quando se tornarem profissionais, já estarão mais comprometidos com a causa, principalmente das ISTs”, avalia.
Tratamento e acompanhamento
Em Sinop, o SAE — localizado na Avenida das Itaúbas, nº 2.715, Setor Comercial — é o ponto de referência municipal no combate e tratamento das ISTs, inclusive e especialmente da Aids. A enfermeira do órgão, Lucia Mendes Tomas, explica que, além da dispensação de medicação, o serviço conta com uma equipe especializada no acolhimento e condução do tratamento de cada paciente.
“O SAE é um serviço onde os pacientes ficam vinculados para ter acesso ao tratamento. Não é somente em relação ao tratamento medicamentoso. Temos uma equipe de profissionais — entre eles médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, enfim, uma série de profissionais — que estarão dentro desse serviço para ouvir, acolher e direcionar esse usuário para que realize o tratamento. Por ser um tratamento ao longo da vida, esse usuário pode passar por diversas situações, e essa equipe está ali para ajudá-lo a conduzir o processo, evitando a descontinuidade do tratamento”, explica.
Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) funcionam como porta de entrada para o diagnóstico e o tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). As equipes de enfermagem das unidades dispõem de testes rápidos e os realizam diariamente. O resultado é emitido em poucos minutos e pode ser obtido concomitantemente à procura por atendimento médico de rotina.
O município de Sinop mantém, também em parceria com a UFMT, uma unidade de autotestes destinada à comunidade acadêmica, que funciona como reforço no rastreio e diagnóstico das ISTs.